Morar em cidade grande não é fácil. Você tá lá, dentro do carro, esperando os carros andarem, mas o trânsito tá um inferno. Coloco meu fone de ouvido e começo a ouvir música, esperando o tempo passar. Enquanto os minutos se passam e eu não tenho absolutamente nada pra fazer durante toda a espera, começo a pensar em tudo o que está em volta de mim. Tipo uma explosão de pensamentos, sabe? Penso nas coisas mais diferentes. Imagino como toda essa cidade era há 50 anos atrás. Quem já teria pisado nessa calçada? O que será que tinha exatamente neste lugar? Penso nas pessoas que estão dentro dos outros carros ou que estão andando na calçada e imagino como a vida delas deve ser. Será que estão com problemas na justiça? Divorciados? Apaixonados? Tem problemas familiares ou no trabalho? Sempre paro e penso que, em volta de mim, há outras vidas. Milhares de vidas. Que se foram, que existem hoje e que ainda irão existir. Milhares de problemas, milhares de histórias felizes, tristes... E é aí que eu me sinto tão pequena, sabe? Tão insignificante, um pontinho praticamente invisível no meio do mundo. Apesar de todos os problemas, de toda a minha história de vida, percebo que eu não sou a única no mundo. Há milhares e milhares de histórias que eu não conheço e nem ao menos vou conhecer um dia. Tudo isso a minha volta, todos os dias. E aí o sinal abre e os carros finalmente começam a andar.
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